quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Batalha MCs Minas - Manos e Minas 27/08/2011



Todas as sextas-feiras a cultura hip-hop é realçada em Belo Horizonte sob o Viaduto Santa Tereza. O tradicional duelo de MC's, criado em 2007, reúne os 4 elementos da cultura de rua (Rap, Grafitti, B-Boys e a discotecagem) além de servir de porta de entrada para os novos nomes do Rap de Minas Gerais.

A cada semana, o Duelo reúne um público de cerca de 300 pessoas. Oito MC's participam Duelo. A disputa e feita em em eliminatórias, semifinal e final, sendo que nessas etapas, cada MC ataca e se defende dos ataques, em rounds de 45 segundos.

Evento Gratuito.

Um dos símbolos mais antigos de Belo Horizonte acaba de completar 80 anos este ano e pede como presente atrasado de aniversário maior respeito dos usuários e maior atenção do poder público. O oitentão em questão é o Viaduto Santa Tereza, inaugurado em setembro de 1929 para ligar o Centro a tradicionais bairros da Região Leste, como o Floresta, e cujas medidas impressionam: 390 metros de extensão, 13m de largura e 14m de altura.

Quem passa pelo elevado se encanta com os dois arcos parabólicos de 14 metros de altura cada, mas não deixa de reparar nos sérios problemas que ofuscam a beleza do cartão-postal projetado pelo engenheiro carioca Emílio Baumgart (1889/1943) e erguido sobre o Ribeirão Arrudas, a Avenida dos Andradas e a linha férrea da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA)

A ponte não tem fissuras. Tampouco corre o risco de desabar. Suas mazelas são outras. Durante o dia, moradores de rua não se importam em transformar as escadas laterais do viaduto num imundo banheiro público: o cheiro de urina e de fezes é bastante forte. Há sem-teto que, depois de abusarem das garrafas de cachaça, usam os bancos debaixo do Santa Tereza para uma prolongada soneca. À noite, as lâmpadas de algumas luminárias estão queimadas e não oferecem iluminação para quem transita por ali.

Muitos pichadores se aproveitam do abandono do viaduto para rabiscar com tinta seus arcos. A escuridão ainda protege os sujões que afixam cartazes nas pilastras e encorajam os maus flanelinhas que se apoderam das vagas próximas ao oitentão. Alguns criminosos disfarçados de guardadores de carro exigem o pagamento adiantado de pelo menos R$ 10 em troca da condenada ‘olhadinha de mentira’. A Polícia Militar mantém um posto de observação debaixo da obra de arte, mas a quantidade de pichações mostra que, pelo menos por um curto espaço de tempo, os militares precisam se afastar do local de trabalho.

E, mesmo quando os policiais estão no elevado, é bom os cidadãos de bem ficarem atentos, pois há relatos de pessoas que foram assaltadas na ponte. “Estava batendo fotos do viaduto quando um homem me tomou a máquina. Isso foi num fim de tarde de 2008”, recorda o fotógrafo Cânsio de Oliveira, de 83 anos, que passou esta semana pelo Santa Tereza com uma fotografia antiga da Avenida Afonso Pena. Do tempo em que a via era rodeada por altos fícus. Ele critica ainda os pichadores que sujam o cartão-postal: “O viaduto podia estar melhor conservado. O povo não dá valor ao que tem”.

Seu Cânsio era um garoto quando o elevado foi inaugurado. A data precisa nem a prefeitura sabe ao certo. Oficialmente, informa apenas que o Santa Tereza foi entregue à população em setembro de 1929, mas não sabe especificar em qual dia. Em 8 de agosto de 1928, quando a construção dos arcos foi concluída (mas a ponte não estava liberada para a passagem), o Estado de Minas publicou uma reportagem elogiando o ritmo da obra. O título mostrou a importância do elevado: A ligação de dois grandes bairros ao Centro da cidade. A matéria se referia aos bairros Floresta e Santa Tereza.

Em dezembro daquele mesmo ano, quando boa parte do elevado estava concluída, as belas moças da cidade desfilavam pela ponte, como informa um texto da Belotur: (…) “O viaduto dá passagem para as moças que saíam da Floresta, num footing preliminar ao que aconteceria ao anoitecer na Avenida Afonso Pena”. Oitenta anos depois, é difícil mensurar a quantidade de pessoas que atravessam o cartão-postal. Mas, segundo a BHTrans, cerca de 1,6 mil veículos passam diariamente pelo Santa Tereza entre às 7h e às 9h. Das 17h às 19h, este número sobe para 3,5 mil carros, motos, ônibus e caminhões.

Limpeza

A Regional Centro-Sul informou que a varrição no viaduto – tanto na parte de baixo quanto na de cima – é diária e que a lavagem é feita duas vezes ao dia. As bocas de lobo são limpas duas vezes ao mês. Sobre os moradores de rua, a prefeitura assegurou que visita o local diariamente e os orienta a procurar abrigos da capital. A equipe social recolhe objetos abandonados pelos sem-teto, mas não pode obrigá-los a deixar o cartão-postal.

Intervenções no Viaduto Santa Tereza



Muito interessante, vídeo com cenas da rua e suas intervenções momentaneas, juntamente com a produção de graffiti dos grafiteiros DMS, Dalata, Hyper, entre outros, cenas de pixações, tudo isso com belas imagens na cidade de Belo Horizonte, MG e do viaduto Santa Tereza

Viaduto Santa Tereza


INFORMAÇÕES GERAIS


No início da década de 20, Belo Horizonte vivia uma época de grandes mudanças. Deixara de ser um simples centro administrativo e burocrático para se converter num polo industrial e comercial.

A construção de um Viaduto que liga o centro da cidade aos bairros Floresta e Santa Tereza , sobre o ribeirão Arrudas e os trilhos da Central do Brasil, surge como uma das grandes empreitadas da década.

A obra, custeada pela Prefeitura Municipal e pela Central do Brasil, só teve início em 1928. O viaduto recebeu o nome de Artur Bernardes, de acordo com projeto assinado pelo engenheiro Emílio Baumgart, um expoente entre os profissionais das estruturas de concreto armado no Brasil, que atuou junto ao grupo modernista carioca, formado por Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Alcides da Rocha Miranda, entre outros.

O arco parabólico, a parte mais importante e difícil do projeto, que consumiu 700 metros cúbicos de concreto, estava pronta em agosto. Em dezembro, os moradores da floresta usufruíam as vantagens da ligação com a Avenida Tocantins: “Aos domingos, quando começa a anoitecer, a Floresta derrama sobre o viaduto uns grupos alegres de moças bonitas. É footing, uma inauguração antecipada do viaduto”.

A obra era um assunto constante nas conversas da época. A elevação do Viaduto como que acalentava a fé na tecnologia que abriria à capital as portas da modernização.

A inauguração se deu em setembro de 1929. Estava concluída a que é até hoje a mais importante obra de arte de engenharia em área urbana do estado de Minas Gerais.

O Viaduto Santa Tereza tem sido uma referência urbana obrigatória para várias gerações de escritores e artistas. O Viaduto estendido por cima do turvo Arrudas, por cima dos trilhos da Oeste Central, reconduzia Carlos Drummond de Andrade da Rua da Bahia, fervilhante e moderna, para a Minas interior do alpendre com pinturas a óleo de castelos, do uivo noturno dos trens na noite silenciosa. Foi nesse clima que o poeta arriscou a loucura escalada dos arcos, rito de passagem, risco penitencial.

Vinte, trinta anos depois, outros poetas tentariam a escalada. A altura dos arcos foi aumentando na memória dos que foram moços na época, como lembra Humberto Werneck, no livro O Desatino da Rapaziada. Para Pedro Nava, “sua altura é vertiginosa”. Fernando Sabino a estima em 50 metros na primeira edição de Encontro Marcado, para reduzi-la a 30, na Segunda edição. Na realidade, são 14 metros do ponto mais alto ao nível dos trilhos.

Fonte: www.asp.pucmg.br/alunos/vdtsantatereza/index.htm